3 December 2017

não comprar coisas novas para a bebé :: do not buy new things for my baby

este post faz parte do desafio que lancei a mim própria e que deu origem ao meu primeiro blog: adoptar 365 hábitos de maneira a reduzir a minha pegada ecológica (aqui está a lista das medidas já tomadas). Esta é a 222ª medida.


                     tudo "segunda mão" (mesmo o que não está à vista)                                                                     o carrinho, numa das suas poucas viagens...
                           all "second hand" (even what isn't in sight)                                                                               the baby stroller, in one of his few trips...

Para mim, não fazia sentido - a partir do momento em que decidimos ter um bebé - não continuar a esforçar-me para reduzir o nosso impacto no ambiente. Aliás, essa necessidade, chamemos-lhe assim, aumentou: "se vais colocar mais um ser humano neste planeta, é bom que redobres o esforço para o deixares num estado melhor do que está". Sim, porque eu continuo a acreditar - piamente, inocentemente, loucamente - que cada um de nós pode fazer a diferença.

Ora, para qualquer pessoa - minimamente observadora e que tenha alguém com bebé(s) na sua vida - é mais que óbvio que - hoje em dia - na nossa sociedade, os bebés precisam de muitas coisas, para sobreviverem a esta fase das suas vidas... A primeira vez que me deparei com uma lista do que tanto bebé e mamã precisariam - quer em casa, quer no hospital/maternidade - fiquei boquiaberta. E surgiram-me imagens das inúmeras vezes que tinha observado amigos, já pais, a carregarem as malas dos carros com tudo e mais alguma coisa, de cada vez que íamos de férias. Fosse um fim-de-semana ou uma semana. Ou a chegarem a uma festa de algumas horas com mais do que eu levo para 15 dias de viagem... "Há uma outra maneira. Um bebé não precisa disto tudo. - disse eu a um Zé Manel estarrecido e nada habituado a bebés - Não, nós não vamos ser assim." 

E não fomos. Não somos. A nossa bebé fez 1 ano e posso contar pelos dedos das mãos as coisas novas que lhe comprámos: um sling (a uma artesã portuguesa), uma mochila ergonómica (na verdade, foi oferecida, mas conta na mesma), um carrinho (o nosso pecado ambiental... já aqui volto...), livros, alguns brinquedos didácticos e fraldas reutilizáveis (e metade são em segunda mão, mas isto fica para outro post). Claro que lhe ofereceram coisas novas e coisas feitas com amor e carinho (por exemplo, a tia mais nova da Íris fez-lhe uma linda alcofa, que depois de muito usada nos primeiros meses, é agora a casa dos bonecos dela...). Ainda é muito difícil explicar que podem comprar em segunda mão para nos oferecer. Ou que nem precisam de oferecer nada! E sim, podíamos ter optado por versões em segunda mão dos objectos supracitados. Não somos perfeitos (longe disso) e às vezes deixamo-nos levar pelo consumismo verde (pois...).

Foi o caso do carrinho. Nas minhas pesquisas pelo mundo virtual, dei com este carrinho e entusiasmei-me: é totalmente feito a partir de materiais reciclados (a estrutura utiliza 5,6kg de plástico reciclado e o tecido é feito a partir de 62 garrafas PET). Quando já não estiver próprio para consumo, podemos devolvê-lo à empresa e os seus materiais serão totalmente reutilizados em novos produtos. Ai, ai... Estão a ver por onde me pegaram? E, ao contrário dos outros carrinhos de bebé (na minha opinião), é bonito. E leve, e personalizável,  (podia ter um carrinho branco!!!) e prático (não é preciso tirar um curso para o saber dobrar...). Fomos ver o carrinho e, por causa dele, fizemos uma lista de nascimento... Durante os primeiros 4 meses da Íris parecia que íamos cair em nós. Estivemos quase, quase para não levantar o carrinho, até porque já tínhamos percebido que não nos estava a fazer falta: somos grandes fãs dos slings e mochilas ergonómicas. Mas deixámo-nos levar... E agora temos um carrinho ali parado na entrada, e que foi usado uma meia dúzia de vezes... Mais uma lição.

Então, como fizemos (e continuamos a fazer)?

(Pelo menos) metade das coisas que estavam nas tais listas foram colocadas de parte (móvel banheira+vestidor???). Como temos a sorte de ter familiares e amigos generosos e com bebés pouco mais velhos, a maior parte das coisas - que na verdade só são usadas uns meses - foram-nos emprestadas ou até dadas. À medida que vão deixando de ser precisas, são devolvidas ou, no caso das doações, entregues a outras famílias, mantendo assim o ciclo de reutilização. Quando precisamos mesmo de comprar coisas, normalmente uma ou outra peça de roupa que está em falta (um casaco mesmo, mesmo quente, por exemplo) vamos às lojas Kid to Kid. Somos fãs! Quando vivíamos em Matosinhos havia uma outra loja de género (quase ao lado da Kid to Kid), mas não me lembro do nome... Também há lojas online de venda de artigos para bebés e crianças em segunda mão, mas nunca experimentámos.

Em relação aos brinquedos, fizemos a opção de ter muito poucos, até porque a Íris, como quase todos os bebés, gosta de brincar com "não brinquedos": caixas e caixinhas, utensílios de cozinha, fitas, papel, pedras, pinhas, terra, ... Confesso que me perco nas lojas virtuais de brinquedos de madeira "sustentáveis", mas tenho conseguido controlar-me. Ainda assim, os que comprámos foram novos, porque, infelizmente, nas lojas de artigos em segunda mão é muito difícil encontrar os brinquedos que procuramos. Também metemos mãos à obra e estamos a fazer brinquedos para ela, como este  quadro (quando estiver pronto partilho). Não faltam tutoriais de brinquedos por esse mundo (virtual) fora. E eu tenho alguns livros que herdei, mas são de brinquedos para crianças um pouco mais velhas (lá chegaremos...).

Livros temos comprado e recebido de presente (novos e usados), mas vamos começar a usar mais a biblioteca da vila, que tem uma secção infantil razoável. Eu, em criança - e apesar de termos muito livros em casa - adorava ir à biblioteca escolher livros. Quem sabe despertamos esse mesmo prazer na nossa menina.

::

It didn't make sense to me - from the moment we decide to have a baby - not to continue to strive to reduce our impact on the planet. In fact, this need, so to speak, has increased: "If you are going to put another human being on this planet, you better redouble the effort to leave this world in a better state than it is." Yes, because I still believe - piously, innocently, madly - that each of us can make a difference.

Now, for anyone - minimally keen observer, and having someone with baby(s) in their life - its’s more than obvious that - in today’s society - babies need a lot of things to survive this phase of their lives... The first time I came across with a list of what both baby and mum would need - whether at home or at the hospital - I gasped. And it came to my mind all those images from the countless times I had seen friends, already parents, loading up the car's trunks with everything and anything else each time we went on vacation. No matter if it was a weekend or a week. Or to come to a party of a few hours, with more than I ever took for 15 days of travel... "There is another way. A baby doesn't need all this," I said to a terrified Zé Manel, unfamiliar with babies, "No, we will not be like this."

And we weren't. We aren't. Our baby girl is one year old and I can count with my fingers the new things we bought her: a sling (to a Portuguese artisan), a baby carrier (actually it was offered, but it counts), a baby stroller (my environmental sin... I'll come back to this...), books, some didactic toys and reusable diapers (and half of them are second-hand, but this is for another post). Of course, people offered her new things and things done with love and affection (for example, Iris's youngest aunt made her a pretty carrycot, which, after being used a lot in the first months, ii’s now the house of her teddies...). It's still very difficult to explain that they can buy second-hand to offer us. Or that they do not even need to offer anything! And yes, we could have chosen second-hand versions of the above objects. We aren't perfect (far from it) and sometimes we get carried away by green marketing (yep...).

That was the case of the baby stroller. In my web searches, I found this stroller and I was thrilled: it's totally made from recycled materials (the structure uses 5.6kg of recycled plastic and the fabric is made from 62 PET bottles). When it's no longer fit for consumption, we can return it to the company and its materials will be totally reused in new products. Oh, uh... You see how they got me? And, unlike the other baby strollers (in my opinion), it's beautiful. And light, and customizable, (I could have a white stroller!!!) and practical (no need to take a course to know how to fold it...). We went to see the stroller, and because of it we made a birth list... During the first 4 months of Iris it seemed we were going to get reasonable. We nearly drop out the idea of the stroller, since we had already realized that we don't needed it: we are big fans of the slings and baby carriers. But we got carried away... And now we have a stroller standing at the doorway, that was used half a dozen times... One more lesson.

So how did we proceed (and still do)?

(At least) half of the things that were on such lists were set aside... Since we are fortunate to have generous family and friends with babies, most things - which are actually only used for a few months - have been lent or even given. As they cease to be needed, they are returned or, in the case of donations, handed over to other families, thus maintaining the cycle’s reuse. When we really need to buy things, usually one or another missing piece of clothing (a very, very warm jacket, for example) we go to ‘Kid to Kid’ stores. We are fans! There are also online stores selling second-hand baby products, but we never tried.

Regarding to toys we choose to have very few, especially because Iris, like almost all babies, loves to play with "no toys": boxes, kitchen utensils, ribbons, paper, stones, pine cones, ... I confess that I get lost in the online stores of "sustainable" wooden toys, but I have managed to control myself. Still, the ones we bought were new, because unfortunately it's very difficult to find the toys we are looking for in second-hand stores. We also are making toys for her, like this board (when it's finished I’ll share it). There is no lack of toys DIY in the web. And I have some books that I have inherited, though with toys for older children (we will get there...).

Books, we have bought and received as gifts (new and used), but we will start to use more the village library, which has a reasonable children's section. As a child, I loved going to the library to choose books - though we had plenty of books at home. Maybe we’ll be able to awaken that same pleasure in our girl.

7 comments:

  1. Olá! Concordo com tudo! Também tenho uma bebé (vai fazer dez meses) e nem dez peças de roupa lhe comprei, é tudo emprestado ou doado. E mesmo as roupas que lhe comprei algumas foram também em lojas de segunda mão, até porque já costumo comprar para mim nos Flea Markets ou lojas de usados, por isso não fazia sentido não continuar esse processo com a minha filha. Obviamente que lhe foram oferecidas muitas coisas novas, mas é frustrante ver as poucas vezes que acabam por as usar porque deixam logo de servir. E só penso "Ainda bem que não gastei dinheiro nisto" ;) Com brinquedos a história repete-se, tudo doado. E fico muito feliz de ver a minha filha com as roupas que eram dos primos ou das filhas de amigas minhas, porque até parece que com elas vem um pouco da sua presença também. :)

    ReplyDelete
    Replies
    1. Que bom Carla! E sim, é giro reconhecer as peças dos primos e dos amigos. Nós, às vezes, até vemos quantas crianças já usaram determinada peça...

      Delete
  2. Revejo-me tanto neste post... A minha filha (3 anos) tem 7 primos mais velhos, isto significa que não preciso comprar absolutamente NADA! As pessoas à minha volta acharam estranho nem a primeira roupinha dela ser nova... mas para mim fez todo o sentido não comprar, havia um babygrow tão bonito e confortável que era dos primos... :) Adoro vê-la com a roupa com que me lembro de ver os meus sobrinhos...
    Os meus momentos de consumismo estão reservados para tecidos e lãs.... para lhe fazer algumas peças de roupa (que ela quase sempre não precisa, é certo, mas que me dão tanto prazer) :)

    ReplyDelete
    Replies
    1. Sim, ainda somos vistos como estranhos...
      O meu próximo passo é aprender a coser a sério, para poder fazer roupa, até porque vai haver uma altura em que a oferta vai ser menos, de certeza (e ela vai começar a ter o seu próprio estilo).

      Delete
  3. Primeira vez que ouça alguém falar no consumismo verde, finalmente!

    ReplyDelete
    Replies
    1. se calhar porque já ando nesta demanda há uns bons anos (e já caí nele algumas vezes...)

      Delete
  4. Ahahaha, igual aqui. E o mesmo pecado, com o mesmo carrinho! e com o mesmo resultado: o pano e a mochila tornaram-no obsoleto.

    ReplyDelete